quarta-feira, 25 de julho de 2012

Dead Kennedys - Give Me Convenience Or Give Me Death (1987)

Estava difícil escolher um critério de seleção para a sequência de postagem desse blog. Tentei considerar a minha primeira escolha, o meu álbum preferido da minha banda preferida, e relacioná-la a uma sequência. Não consegui alinhar o raciocínio de outra forma que não fosse shuffle. Depois de botar um pouco a massa cinzenta pra funcionar, eu cheguei à decisão de escrever sobre o primeiro CD que eu comprei pra mim.


Não me lembro bem da idade que eu tinha quando o comprei, mas devia ser por volta dos 14 anos. Eu já havia tido contato anterior com outros materiais da banda, mas foi a partir dessa compra que eu me dei oportunidade de melhor degustá-la.
Talvez a maior característica do Dead Kennedys não seja musical e sim o forte engajamento político de Jello Biafra! Desde a escolha de seu pseudônimo até os títulos e letras das músicas, sua preocupação, crítica e descontentamento com os sistema político mundial sempre foi bastante evidente. E eu, no auge da minha transição metal/punk, me deixei seduzir completamente pela atmosfera tragicômica das letras de Jello. E, obviamente, pela musicalidade singular da que, pra mim, sempre será a melhor banda de punk rock que já existiu. Acho interessante deixar claro que, não poderia ser de outra forma, a musicalidade é sempre o cartão de visita, principalmente em bandas estrangeiras. Se o cartão é atraente, sedutor, aí então eu me aprofundo na linguagem, na mensagem.

Provavelmente a escolha de uma coletânea deixará algumas mentes insatisfeitas mas, na minha, a escolha faz completo sentido. Uma compilação de versões incríveis de todas as melhores músicas da banda, o supra-sumo da carreira deles (ainda que símbolo de brigas judiciais e decadência socio-musical). Essa coletânea conta com 17 faixas; farei o possível para ser o menos prolixa possível, para não tornar a leitura desesperadora. Encham-se de paciência!


Dissecando o álbum: 


Faixa 01 - Police Truck: Uma das coisas que sempre me encantou nessa banda: a pegada surf music completamente convidativa ao pogo, especialmente evidenciada nessa faixa. É  uma das minhas músicas preferidas, com o adendo à letra que satiriza o trabalho dos "coxa" "Got a black uniform and a silver badge, playin' cops for real, playin' cops for pay/Tenho um uniforme preto e um distintivo prateado, brincando de policial de verdade, brincando de policial por dinheiro". E o Klaus Fluoride e seu baixo me fazem muito feliz.

Faixa 02 - Too Drunk To Fuck:  Toda banda de punk rock que se preza tem pelo menos uma letra idiota sobre bebedeira. Por mais politizada que a banda seja, não seria diferente com eles: "Went to a party, I danced all night, I drank 16 beers and I started up a fight/Fui à uma festa, dancei a noite toda, bebei 16 cervejas e comecei uma briga". Mas tudo bem pra mim já que a letra vem coroada pelo melhor riff de guitarra que o East Bay Ray já compôs na vida. 

Faixa 03 - California Ubber Alles:  Aqui a crítica tem nome e sobrenome: o governador da California, Jerry Brown, considerado fascista.  A banda sempre deixou clara sua postura sarcasticamente Antifa: "Zen fascists will control you, hundred percent natural, you will jog for the master race and always wear the happy face/Fascistas zen irão te controlar, 100% natural, você correrá pela raça superior e sempre fará cara de contente". E sempre vale ressaltar que apesar de ter sido composta originalmente pelo Slesinger, essa linha de bateria do Peligro me faz ter vontade de abraçá-lo com força (o que eu acabei fazendo quando tive a oportunidade de encontrá-lo, na primeira vez em que a banda esteve no Brasil).

Faixa 04 - The Man With The Dogs: Dane-se a letra, essa é a música mais legal do disco!

Faixa 05 - Insight: Eu sempre penso nessa música como uma versão rebelde de alguma música do The Cramps. Impossível não ficar animado.

Faixa 06 - Life Sentence: Mais punk rock impossível. Liricamente é um estilo de composição que me agrada e traz uma crítica social que faz a gente pensar em frases como "You don't do what you want to but you do the same thing everyday/Você não faz o que quer mas sim a mesma coisa todos os dias" e "Now you're an adult, you're boring/Agora você é um adulto, você está entendiante".

Faixa 07 - A Child And His Lawnmower: Aquela música com menos de um minuto. Toda banda de punk rock tem, né?

Faixa 08 - Holiday in Cambodia:  O genocídio cambodjano de Pol Pot virou hino. E traz um belo tapa na cara de pseudo ativistas: "Play ethnicky jazz to parade your snazz on you five grand stereo, braggin' that you know how the niggers feel the cold and the slum's got so much soul,it's time to taste what you most fear/Toca jazz pra se mostrar, seu otário, no seu estéreo cinco estrelas, dizendo que sabe como os negros sentem frio e que a favela tem tanta alma, é hora de provar o que você mais teme".

Faixa 09 - I Fought The Law: Aqui a música de Sonny Curtis ganha mais uma de suas milhares de versões espalhadas pelo mundo, com uma quirelinha do sarcasmo de Jello cutucando aqui e acolá: "I'm the new folk hero of the Ku-Klux-Klan/Eu sou o novo herói folk da KKK".

Faixa 10 - Saturday Night Holocaust: Poderia perfeitamente ter sido composta para a trilha sonora de um  filme B-Thrash. O começo é bem chatinho, mas depois fica ok. Talvez seja a música deles que eu menos goste.

Faixa 11 - Pull My Strings: Versões ao vivo que começam com baixo sempre me ganham. E quando vem coroadas com uma grande dose provocativa, eu fico ainda mais contente. A menção à música My Sharona, do The  Knack, trocando a frase título por My Payola (Meu jabá), me faz rir até os dias de hoje. Mas minha parte preferida sempre será: "But there's just one problem: is my cock big enough? Is my brain small enough for you to make me a star?/Mas há só um problema: o meu pau é grande o bastante? O meu cérebro é pequeno o bastante para você me tornar uma estrela?". Sempre bato palminha acompanhando o ritmo.

Faixa 12 - Short Songs: Mais punk rock gratuito. E ao vivo. Porque... né? Tem que ter...

Faixa 13 - Straight A's:  Aquela letra amiga dos adolescentes, sobre as frustrações da vida e a vontade de morrer. Aquele mais do mesmo, só que punk. E ao vivo.

Faixa 14 - Kinky Sex Makes the World Go Around: Nunca entendi muito bem pra quem o tal secretário estava ligando, mas é bem engraçado perceber que ele procura um aval pra começar uma guerra enquanto a outra pessoa está fazendo sexo do outro lado. Deve acontecer com frequência significativa.

Faixa 15 - The Prey: Eu a chamaria de George Romero. E não parece Dead Kennedys. Na verdade, acho que a que eu menos gosto é essa.

Faixa 16 - Night Of The Living Rednecks:  Mais música ao vivo. Música de fundo pra um stand-up comedy chatíssimo do Jello. Desnecessário.

Faixa 17 - Buzzbomb from Pasadena: Instrumental legal com vocal chato. Mais uma que não precisava estar aqui. 



Acho que se eu fosse escolher as faixas pra essa coletânea, teria parado na número 11. Mas talvez eu esteja um pouco mal humorada. 
Apesar de ter algumas músicas que eu não aprecio tanto, esse continua sendo meu disco preferido deles e que,  na minha opinião, traz as melhores músicas. Eu acrescentaria/trocaria uma ou outra, mas de um modo geral, é um disco ótimo.













3 comentários:

  1. Confesso que não li tudo, mas descreveu legal, ta aprovado! Mesmo sendo uma coletânea que, pra mim, não é o melhor material da banda. Maaaas são os seus discos, né!?...

    Só pra esclarecer: A Too drunk to fuck é ironia, e ce sabe né!? O Jello é sxe sem ser sxe. hahaha

    (To me sentindo na epoca de fotolog escrevendo isso aqui. haha)

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  2. Eu sei sim, Nat, por isso que eu disse que é uma letra sobre bebedeira e não que eles são uns bêbados doidos hahahaha
    Te amo, bobologer. =)

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